quinta-feira, 5 de junho de 2014

Tenho mil motivos

     






      
   Tenho mil motivos para pensar em algo diferente
         mas só um único pensamento tortura minha mente
         Tenho mil motivos para sorrir
         mas um único motivo faz o brilho dos meus olhos sair
    Tenho mil motivos para cantar
         mas um único motivo faz-me chorar
         Tenho mil motivos para fugir
         mas um único motivo faz-me persistir
         Tenho mil motivos para te esquecer
         mas um único motivo faz-me te querer
         Tenho mil motivos para não te olhar
          mas um único motivo faz-me te contemplar
         Tenho mil motivos para não desejar te abraçar
          mas um único motivo faz-me ignorar
          Tenho mil motivos para não te amar
           mas um único motivo faz-me continuar
           Tenho mil escolhas a fazer 
           mas minha única escolha é você
          
                                                                    
                                               

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A sutileza do futuro

     
   

  Quando nascemos somos condicionados pouco a pouco a planejarmos nosso futuro. Primeiro aprendemos que se não formos a escola seremos como o mendigo que vimos quando passeávamos pela rua. Na adolescência aprendemos que é cedo para namorar, melhor focar nosso pensamento nos estudos para ser alguém na vida. Na faculdade somos pressionados a nos formarmos e conseguirmos um emprego logo. Quando casamos somos pressionados a progredir profissionalmente diante das dificuldades financeiras. Quando temos filhos esperamos que o futuro dele seja diferente do nosso e investimos sem pestanejar na sua formação. Na velhice esperamos que o futuro reserve uma morte tranquila e em um momento oportuno sem sofrimento. 

           A sutileza do futuro consiste nisso, pensamos que estamos progredindo, mas estamos estagnados. Vivemos em função de aspirações que nunca são concretizadas, somos alimentados por anseios que nunca tem fim. O resultado disso é que paramos no tempo, não temos futuro. O futuro não pode ser planejado ou alcançado, podemos fazer previsões básicas, como economizar o necessário, qualificar-se profissionalmente ou quantos filhos eu vou ter, porém nossas previsões nunca acertam 100%.

            O futuro que idealizamos está no nosso presente, está dentro de nós. Idealizamos um futuro de felicidade e realização pessoal quando podemos desfrutar isso agora. Realização pessoal não implica atingir uma meta, quando atingimos uma meta sempre surge outra, felicidade não é algo que vem de fora para dentro, mas o contrário. 

                 Viver é o futuro. Não tente obter um controle sobre algo incontrolável. A idealização do seu futuro pode ser vivida hoje e o futuro como é que fica? O futuro não existe simplesmente porque você não o vivenciou. Porém, fique claro que esse texto tem uma perspectiva estritamente humana não abrange aspectos espirituais, onde os conceitos que eu apresentei aqui mudam de significado. Quero apenas salientar a compulsão do ser humano em planejar ao invés de vivenciar. 

             Parafraseando uma citação de um personagem de uma obra mundialmente conhecida, as pessoas sonham e se esquecem de viver. 


domingo, 18 de maio de 2014

A mudança

       







                  A mudança nunca é bem vinda e quando ela retira um pedaço de você menos ainda.  Nossa primeira reação diante das situações é de que elas são permanentes, não nos preparamos para a mudança, não conseguimos assimilar que as pessoas mudam.
     
                A expectativa é uma arma mortal, ela não se revela a você, ela se apresenta como se fosse alguém bem íntimo e o pior é que ela era. Só experimentamos uma mudança quando expectativas são frustradas, construímos um castelo, cercamos ele com um jardim, enfim criamos um monumento a nossa expectativa só para descobrirmos depois que inevitavelmente teremos que destruí-lo, ele não pode ser permanente.

               Ao lado da mudança vem o desespero. O desespero de ter sido inútil, incapaz de prevê-la, incapaz de lidar com ela. O desespero de não ser ninguém no mundo, de ser um espectador da vida e não um participante, de ser um ouvinte de experiências, mas não ser capaz de experimentar, de se doar sem receber nada em troca.

                 A mudança não é bem vinda porque nos mostra quem realmente somos, não somos inteligentes, não somos imunes, nossa armadura é frágil e insignificante, é como uma pena que facilmente vai embora com o vento, nossa aparente condição de indiferença volta-se contra nós de forma destrutiva e somos levados pela sua corrente.

                Você pode escolher três coisas diante de uma mudança, se revoltar e se explodir de mágoa, fingir que nada mudou e guardar sentimentos que se voltarão contra você ou aceitar passivamente e "desfrutar" sua tristeza. Esta atitude é a mais realista, racional. Irá lhe fortalecer? eu não sei. Irá te levar a um patamar superior? Eu não sei. Irá te fazer feliz? Eu não sei.